terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cristianismo Fast Food


Fast Food é um termo americano que significa comida rápida! Fast Food – Alimente seu espírito! Para os dias corridos uma palavra rápida, mas profunda!
 
É... meus caros irmãos, eu li e não acreditei. Isso está escrito em uma pagina cristã, oferecendo uma palavra rápida e profunda para os dias corridos? Como pode ser isso? Como pode ser rápido e profundo? Não entendo esse cristianismo rápido, sinceramente, não entendo!

Estamos em dias superficiais, dias onde as pessoas estão correndo, elas estão com pressa, e fazem tudo rapidinho e sem nenhum aprofundamento...
As relações de amizades são rápidas, ou melhor, superficiais, as leituras, as devocionais não passam de meia hora, alias, isso já é um tempão! Orações nem se fala, tem gente por ai que diz que é um ser “orante”, só pra justificar pra si mesmo que ora. Esse ser “orante”, é como se fosse uma pessoa “operante”. Ou seja, enquanto anda, ora, enquanto ora, anda. E, isso tudo, para apaziguar a sua consciência diante de Deus, achando que alivia. Coitadinho!

E soa aos ouvidos e a compreensão como algo lindo, não é mesmo? Mas, isso não tem valor algum diante de Deus. É só culto de si para si mesmo, sem significado pra alma e principalmente pra Deus.

Vivemos em um tempo superficial e fazemos parte de uma geração superficial, porque buscamos por nos satisfazer rapidamente. Queremos comida rápida, Fast-Food. Quer um exemplo?

Saímos no domingo dia 30, às 14h00 para almoçar com Luís e Fernanda, no entanto, tínhamos um compromisso no bairro Maiobão para o encontro do MINISTÈRIO FLUA, onde eu falaria exatamente sobre este assunto “Cristianismo Fast-Food”.  portanto, estávamos atrasados. Fernanda ligou para o Rairisson, explicando que ainda iríamos almoçar e que chegaríamos atrasados pelo menos uma hora.

Como, comer em um restaurante demoraria muito, Fernanda teve a idéia de sugerir o Bob’s. Fomos e compramos lanches que tem efeito de inchar o estômago, mas devido ao pouco valor nutritivo, estávamos com fome algumas horas depois. Ou seja, quando chegamos em casa já estamos com fome de novo.

Será que não é assim que a igreja tem vivido? Um Fast-Food espiritual? O que percebo é que em cada avenida que eu passo, eu vejo os drive-thru com faixas e letreiros anunciando o próximo Fast-food do dia: campanha da prosperidade, descarrego, culto de libertação, cultos visando comunhão, quebra de maldições e etc. A Igreja é algo muito mais profundo que isto, Igreja não é fast-food espiritual, ela envolve muito mais coisas que apenas o resolver dos problemas mais urgentes de cada pessoa. Esse cristianismo é só pra encher o estômago e nada mais. Não sustenta, não é vitamina, não tem conteúdo, não tem vida, não tem sustância, não permanece, é palha! Além das mensagens de auto-ajuda. Que aliás, eu particularmente não gosto de mensagens assim, isso empobrece o evangelho e as pessoas. Essas mensagens são comidas Fast-Food, comida rápida e passageira. Logo, logo vem a fome e a vontade de comer de novo.

Vejamos como viver uma igreja longe do Fast-Food. Ou melhor, que tenha sustância, que permanece, que tenha vigor, etc.

1º – Igreja é um lugar de adoração a Deus. Vamos para a reunião com os outros cristãos para juntos adorarmos ao Deus Trino. E não para satisfação pessoal.

2º – Igreja é um lugar que a Palavra de Deus anuncia a Cristo. Ela é pregada, ensinada e estudada. Vamos para aprender mais sobre o nosso Deus, e fortalecer nossas vidas espirituais para que possamos enfrentar o dia mau (Efésios 6).

3º – Igreja é um lugar de oferecer a Deus Toda Honra, Toda a Glória e Todo o Louvor. Não é como muitos pensam por ai, em ir a igreja – templo, para receber de Deus um lanche, uma vitamina, uma benção, uma unção, etc. Mas, sobretudo, oferecermos a Ele as nossas vidas, como fruto do Seu amor por nós. Vamos não para assistir um culto, mas para prestarmos um culto ao Deus Eterno. 

4º – Igreja é lugar de encontrar o meu irmão, é lugar de ver o sagrado no outro e servi-lo.  De ter e manter comunhão com o corpo de Cristo que é formado por pessoas, que, como eu, são pecadoras tanto quanto e estão também buscando crescimento, somos companheiros de jornada.

5º – Igreja é lugar de solidariedade. É lugar de misericórdia, de compaixão. Não podemos deixar um irmão passar fome, não ter o básico. A Igreja é lugar onde agente assiste o necessitado. A igreja é Deus em ação social pelos menos favorecidos.

Igreja é lugar de comunhão, de encontros, de confissão, de conversas que edificam, de falar, de ser ouvido, de ser amado, é festa, celebração . Promessas, evangelho liquido, superficial, Fast-Food, todos estão cheios disto! As pessoas anelam e necessitam de mais comunhão, mais da Palavra.

Como diz em Atos 2.42-47 que “eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. E na alma de cada pessoa havia pleno temor, e muitos feitos extraordinários e sinais maravilhosos eram realizados pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e dividiam o produto entre todos, segundo a necessidade de cada um. E diariamente, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração. Louvando a Deus por tudo e sendo estimado por todo o povo. E, assim, a cada dia o Senhor juntava à comunidade as pessoas que iam sendo salvas.” É, meus queridos, a coisa era bem diferente!

Alguém pode perguntar: Mas Pastor, a igreja assim demora crescer numericamente! Desse jeito, teremos poucas pessoas freqüentando o culto. Demora! É verdade! Mas meu brother, ela continuará a ser a essência que se é: Igreja! Igreja Fast-Food, não tem aprovação de Deus, não podemos deixar de lembrar que nem toda comida é saudável. Nem tudo que enche o estômago é sinal de uma alimentação boa, nem tudo que é bom, é saudável. Nem tudo que se prega em cima dos púlpitos é sinal de comida abençoada. Tem os nutrientes necessários para o nosso crescimento sadio.

Seu servo, Gilberto Paulo

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rasgando a igreja


I Coríntios 1.10-13

Estamos enfrentando uma crise, a saber, a crise da unidade. E, isso não é privilégio só nosso, não é de agora que enfrentamos essa crise. Já vem se arrastando desde a época de nosso irmão Paulo. Ele enfrentou esse tido de veneno na igreja, o veneno da discórdia, da desunião, da divisão, do desamor, enfim. Estamos vivenciando uma época fatídica neste sentido, onde várias igrejas estão se dividindo. Ninguém quer ou tem compromisso com a mensagem do evangelho, com as boas novas que trazem esperança para o aflito de coração. Jeremias diz que o coração do homem é enganoso, Tiago nos fala em sua carta no capítulo 4, que o coração do homem está cheio de guerras, de interesses pessoais, de conflitos e de partidarismos. William MacDonald declara que Paulo “condena veementemente o sectarismo em Corinto (1.13) declarando para a igreja que ele não estava procurando ganhar pessoas para ele ou para enaltecer seu nome. Seu único propósito era levar homens e mulheres a Jesus Cristo”.

Paulo então, percebendo isto, questiona a igreja de Corinto, fazendo três perguntas que segundo Warren Wiersbe diz que essas são palavras-chave, para tratar o assunto da divisão dentro da igreja. Ora, acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em vosso favor? Fostes batizados em nome de Paulo? (1.13).

Paulo fala que a divisão na igreja é como se nós estivéssemos rasgando-a por inteira, gente puxando de um lado, gente puxando para outro lado, um verdadeiro absurdo, mas por quê? Porque a igreja de Corinto estava levando os crentes a pensar que Paulo estava pregando um tipo de Cristo, que Apolo estava pregando outro tipo de Cristo e Pedro estava pregando outro tipo Cristo. Por isso, a separação, a divisão, as contendas. Todavia, a igreja é de Deus, diz Paulo em I Co.1.2. Ela tem somente um dono, e certamente, não era Paulo, Apolo ou Pedro. Mas, há somente um Senhor e Salvador da igreja, Jesus Cristo é o nome dele.

Isso que aconteceu na igreja de Corinto, tem acontecido de maneira desenfreada e descontrolada em nossa época. Crentes cultuando pastores, pregadores, missionários. Cultuam suas doutrinas e denominações, eles acreditam que estão certos, tem orgulhos por serem de fundo histórico, tradicionais, outros, por acharem que são melhores, por serem pentecostais, por terem unção, poder do Espírito e por ai vai... cada um apresentado um cristo diferente, e a igreja ficando cada vez mais anti-cristo, ou seja, se não é a cara de Cristo é contrária a Cristo, e portanto, anti-cristã.

Paulo roga aos irmãos que em nome de Jesus falem a mesma coisa. Que não tenha várias igrejas, uma de Paulo, outra de Apolo, de Pedro e de Cristo, não! Que não haja “divisões” entre eles. Divisão vem da palavra grega “cisma”, cujo significado é “rasgar um tecido”. O que Paulo está nos dizendo é que havia na igreja de Corinto algo como um tecido rasgado, ou uma rasgadura de um tecido velho (Mateus 9.16; Marcos 2.21).E isso, que eles estavam fazendo era, rasgando a igreja de Deus!

Paulo então ordena a igreja: “...antes, sejam inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1.10b).  

É triste sabermos que Deus o Pai, já rasgou o véu, a cortina , o pano que fazia separação entre nós e Deus. Que o sangue foi posto para entrarmos com ousadia no novo e vivo caminho como diz em Hebreus. Que é, tão somente, através do sacrifício de Seu Filho Jesus que temos acesso livre na presença do Pai e podemos viver como igreja aqui na terra. Que não necessitamos costurar, remendar, refazer mais nada. No entanto, nós queremos fazer uma igreja que pareça a nossa cara. Já ouvi irmãos dizendo, “a igreja tal é a cara do pastor”, Deus me livre de ter uma igreja parecendo com a minha cara, vai ser horrível! A igreja tem que parecer com a cara, o jeito, os gestos do Filho Jesus. Tem que ser a cara do Pai, e não minha e nem a de ninguém.

Mas, qual foi à loucura que fizemos? Rasgamos a igreja que é a cara do Pai, e fizemos a cara de um mostro, um Frankenstein, toda rasgada, costurada e remendada. Isso mesmo! Encontramos hoje, uma igreja feia, desfigurada, rasgada, disfacelada e cheia de donos. Dentro da igreja, encontramos pessoas que pensam completamente diferente, como poder ser isso?

Porque muitas igrejas atualmente deixam de olhar para a mensagem do Evangelho que são as boas notícias, para exaltar o mensageiro. Precisamos ressaltar que o mais importante não é o mensageiro, mas a mensagem. Pois todas as vezes que a igreja começa a dar mais credibilidade ao pregador, ao pastor, ao mensageiro do que a própria mensagem, ela está prestando um culto à personalidade, e isto é pecado!

Eis a razão porque a igreja está rasgada! O seu tecido já não é mais virgem, já não está mais branco, puro. Ah! Que o Eterno Deus tenha misericórdia de todos nós. Que entreguemos a Sua Igreja, pois Ele a deseja de volta. Devolvemos a Sua Igreja, por que Jesus quer voltar e encontrar a sua noiva “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:27). Ele se sacrificou para santificar e purificar a igreja (Efésios 5:26), e quer que os seus discípulos se mantenham também santificados (João 17:17,19).

Paremos de rasgar a Igreja de Deus, nós estamos rasgando a Sua Igreja, se Jesus clamasse e nós tivéssemos ouvidos para ouvir, nós ouviríamos: "Parem! Vocês estão me dividindo, estão partindo-me em quatro partes, cada uma liderada por alguém”. Pois, vocês estão estragando a minha igreja, com discórdias, cismas, partidarismos, divisões e facções. Isso mostra o absurdo da situação e a indignação do apóstolo.

Somos seguidores de Cristo ou seguidores dos pastores? O nosso culto é a personalidade ou a Deus? Buscamos a prosperidade espiritual ou material? O que é que tem mais valor, a mensagem ou o mensageiro?

Nosso chamado é para proclamar a cruz de Cristo, de tal maneira que ela não seja anulada por causa da nossa vaidade e nosso desejo de aparecer. Quando somos exaltados, Cristo é “diminuído”. Que haja em nós, sempre, a atitude de João Batista, “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). Só assim evitaremos as divisões no corpo de Cristo. E a Sua Igreja não será rasgada.

Gilberto Paulo

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Reino entre nós


Temos vários quadros no programa entre amigos. Dentre esses, temos o “Flash Back”, que são músicas que cantávamos nas nossas igrejas, e, em vigílias com os amigos e irmãos, sempre no ritmo de letras dos anos 80 e 90, e que, a grande maioria do povo evangélico desta década atual não conhece.
Desengavetamos estas músicas com suas melodias riquíssimas para uma reflexão e comentários das mesmas, elas trouxeram e ainda trazem significados, pois marcaram as nossas vidas e também as vidas dos ouvintes que curtiram e curtem com imenso saudosismo.
Também temos o “Mundo em 1 Minuto”, são as principais notícias divulgadas e comentadas da atualidade. São informações fresquinhas que levamos para casa dos ouvintes, e se houver alguma denúncia, fazemo-na com relevância e responsabilidade. Sempre temperadas com bom humor.
Na seqüência vem o quadro mais pitoresco e engraçado do programa, o “Só Crente Entende”, são perguntas, inquietações e questionamentos mais diversos, os ouvintes enviam mensagens e entram algumas vezes ao vivo para comentar conosco também. Afinal, tem coisas que só crente entende, não é mesmo?
E finalmente o “Reino Entre Nós”, é uma reflexão feita e comentada inicialmente por Nehemias Bandeira, com as nossas participações e considerações. É uma espécie de pregação onde os quatros comentam e interagindo numa consciência, onde o Reino de Deus é posto, e onde os ouvintes têm a oportunidade de ouvir uma palavra coerente e edificante. A idéia é falar acerca do Reino de Deus. Mostrando que o Reino exige mudança...
Era exatamente onde eu queria chegar, no Reino de Deus Entre Nós. Eis a razão principal da vida e do ministério de Jesus Cristo. Percebemos o Reino de Deus como questão central e objetivo principal da Sua pregação e obra. Ele veio para implantar o Reino de Deus Entre Nós, que não é deste mundo, que não é desta terra, mas que constitui a obstinação de Jesus até hoje, e não poderia ser diferente para nós. No entanto, cremos que, em comparação com a importância dada ao Reino de Jesus, em geral temos falado e anunciado pouco, estudado pouco, e entendido pouco do Reino de Deus.
Mas, afinal o que é o Reino de Deus Entre Nós? Como ele se evidencia? Como ele se manifesta entre nós?
Uma das definições mais simples, porém mais elucidativas, coloca o reino de Deus como “todo ambiente onde Deus é soberano, onde Deus é Senhor, onde Ele reina de maneira soberana”. Onde quer que a vontade de Deus esteja sendo cumprida, aí se manifesta o Reino de Deus Entre Nós. Alguém já disse que o inferno é uma confusão por ser um reino de muitas vontades. Mas, no Reino de Deus, só há lugar para uma vontade: a do Soberano Rei, Deus!
Quando Jesus ensinou a oração do Pai Nosso para os seus discípulos no Sermão do Monte, em Mateus 6.10 “Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”. Ele tava querendo dizer que, assim como Deus reina de maneira soberana e absoluta, assim como só uma voz é ouvida e obedecida no céu. Nesse reino invisível, mas real. Deus cumpre o seu querer. Seu governo é Supremo e onde no Seu reino há normalidade em e de todas as coisas.
Deste modo também, Deus quer governar os nossos corações. E não somente isso, mas o reino precisa avançar nos nossos corações, transformando-os em súditos obedientes. Só assim, vidas, famílias, igrejas, instituições, nações, a própria história terá outro rumo. Pois, o pré-requisito para adentrarmos nesse reino é a completa submissão ao Rei.
O Reino de Deus Entre Nós é como define Stanley Jones, missionário na Índia, aponta o reino como a “resposta de Deus à necessidade total do homem”. Somente a Igreja de Jesus, que sou e você, somente nós, é que somos capazes de salgar as necessidades integrais do ser humano. Pois não há como nos mantermos comprometidos com o Reino de Deus sem nos envolvermos em questões de justiça social, denuncia do opressor, violência das mais diversas áreas, prostituição infantil, miséria, saúde e etc.
Cabe a nós, súditos do Rei, discernir sabiamente a áreas críticas e trabalhar para devolver a Deus o seu governo nessas áreas. Pois o Reino de Deus Entre nós, veio para santificar o comum (Tt 1.15), e por isso, ele deve estar manifesto em cada aspecto da vida de um “cidadão” do reino. Na vida devocional, na comunhão, no trabalho, no mercado público, na escola, na universidade, no lazer, nas praças, nas praias, nas esquinas, nas ruas e na família. Como o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios:”portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para glória de Deus” (I Co 10.31).  
A compreensão desses princípios aplicáveis individualmente é fundamental para o desenvolvimento comunitário. Quando compreendemos que o Reino de Deus Entre Nós é inteiro e abrangente, e não se restringe apenas à vida devocional e às nossas disciplinas espirituais, somos livres para ministrar junta à comunidade em todas as áreas. E isso, não como uma mera expressão de “trabalho social”, mas para o governo soberano de Deus cresça e se estabeleça nos corações humanos.
Então será completamente respondida a oração ensinada por Jesus no Sermão do Monte e repetida por milhares de discípulos na face da terra – o pedido mais proclamado mais ouvido através dos séculos: “venha o Teu Reino” (Mateus 6.10).
Que venha o Seu Reino Entre Nós.
Gilberto Paulo