segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rasgando a igreja


I Coríntios 1.10-13

Estamos enfrentando uma crise, a saber, a crise da unidade. E, isso não é privilégio só nosso, não é de agora que enfrentamos essa crise. Já vem se arrastando desde a época de nosso irmão Paulo. Ele enfrentou esse tido de veneno na igreja, o veneno da discórdia, da desunião, da divisão, do desamor, enfim. Estamos vivenciando uma época fatídica neste sentido, onde várias igrejas estão se dividindo. Ninguém quer ou tem compromisso com a mensagem do evangelho, com as boas novas que trazem esperança para o aflito de coração. Jeremias diz que o coração do homem é enganoso, Tiago nos fala em sua carta no capítulo 4, que o coração do homem está cheio de guerras, de interesses pessoais, de conflitos e de partidarismos. William MacDonald declara que Paulo “condena veementemente o sectarismo em Corinto (1.13) declarando para a igreja que ele não estava procurando ganhar pessoas para ele ou para enaltecer seu nome. Seu único propósito era levar homens e mulheres a Jesus Cristo”.

Paulo então, percebendo isto, questiona a igreja de Corinto, fazendo três perguntas que segundo Warren Wiersbe diz que essas são palavras-chave, para tratar o assunto da divisão dentro da igreja. Ora, acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em vosso favor? Fostes batizados em nome de Paulo? (1.13).

Paulo fala que a divisão na igreja é como se nós estivéssemos rasgando-a por inteira, gente puxando de um lado, gente puxando para outro lado, um verdadeiro absurdo, mas por quê? Porque a igreja de Corinto estava levando os crentes a pensar que Paulo estava pregando um tipo de Cristo, que Apolo estava pregando outro tipo de Cristo e Pedro estava pregando outro tipo Cristo. Por isso, a separação, a divisão, as contendas. Todavia, a igreja é de Deus, diz Paulo em I Co.1.2. Ela tem somente um dono, e certamente, não era Paulo, Apolo ou Pedro. Mas, há somente um Senhor e Salvador da igreja, Jesus Cristo é o nome dele.

Isso que aconteceu na igreja de Corinto, tem acontecido de maneira desenfreada e descontrolada em nossa época. Crentes cultuando pastores, pregadores, missionários. Cultuam suas doutrinas e denominações, eles acreditam que estão certos, tem orgulhos por serem de fundo histórico, tradicionais, outros, por acharem que são melhores, por serem pentecostais, por terem unção, poder do Espírito e por ai vai... cada um apresentado um cristo diferente, e a igreja ficando cada vez mais anti-cristo, ou seja, se não é a cara de Cristo é contrária a Cristo, e portanto, anti-cristã.

Paulo roga aos irmãos que em nome de Jesus falem a mesma coisa. Que não tenha várias igrejas, uma de Paulo, outra de Apolo, de Pedro e de Cristo, não! Que não haja “divisões” entre eles. Divisão vem da palavra grega “cisma”, cujo significado é “rasgar um tecido”. O que Paulo está nos dizendo é que havia na igreja de Corinto algo como um tecido rasgado, ou uma rasgadura de um tecido velho (Mateus 9.16; Marcos 2.21).E isso, que eles estavam fazendo era, rasgando a igreja de Deus!

Paulo então ordena a igreja: “...antes, sejam inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1.10b).  

É triste sabermos que Deus o Pai, já rasgou o véu, a cortina , o pano que fazia separação entre nós e Deus. Que o sangue foi posto para entrarmos com ousadia no novo e vivo caminho como diz em Hebreus. Que é, tão somente, através do sacrifício de Seu Filho Jesus que temos acesso livre na presença do Pai e podemos viver como igreja aqui na terra. Que não necessitamos costurar, remendar, refazer mais nada. No entanto, nós queremos fazer uma igreja que pareça a nossa cara. Já ouvi irmãos dizendo, “a igreja tal é a cara do pastor”, Deus me livre de ter uma igreja parecendo com a minha cara, vai ser horrível! A igreja tem que parecer com a cara, o jeito, os gestos do Filho Jesus. Tem que ser a cara do Pai, e não minha e nem a de ninguém.

Mas, qual foi à loucura que fizemos? Rasgamos a igreja que é a cara do Pai, e fizemos a cara de um mostro, um Frankenstein, toda rasgada, costurada e remendada. Isso mesmo! Encontramos hoje, uma igreja feia, desfigurada, rasgada, disfacelada e cheia de donos. Dentro da igreja, encontramos pessoas que pensam completamente diferente, como poder ser isso?

Porque muitas igrejas atualmente deixam de olhar para a mensagem do Evangelho que são as boas notícias, para exaltar o mensageiro. Precisamos ressaltar que o mais importante não é o mensageiro, mas a mensagem. Pois todas as vezes que a igreja começa a dar mais credibilidade ao pregador, ao pastor, ao mensageiro do que a própria mensagem, ela está prestando um culto à personalidade, e isto é pecado!

Eis a razão porque a igreja está rasgada! O seu tecido já não é mais virgem, já não está mais branco, puro. Ah! Que o Eterno Deus tenha misericórdia de todos nós. Que entreguemos a Sua Igreja, pois Ele a deseja de volta. Devolvemos a Sua Igreja, por que Jesus quer voltar e encontrar a sua noiva “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:27). Ele se sacrificou para santificar e purificar a igreja (Efésios 5:26), e quer que os seus discípulos se mantenham também santificados (João 17:17,19).

Paremos de rasgar a Igreja de Deus, nós estamos rasgando a Sua Igreja, se Jesus clamasse e nós tivéssemos ouvidos para ouvir, nós ouviríamos: "Parem! Vocês estão me dividindo, estão partindo-me em quatro partes, cada uma liderada por alguém”. Pois, vocês estão estragando a minha igreja, com discórdias, cismas, partidarismos, divisões e facções. Isso mostra o absurdo da situação e a indignação do apóstolo.

Somos seguidores de Cristo ou seguidores dos pastores? O nosso culto é a personalidade ou a Deus? Buscamos a prosperidade espiritual ou material? O que é que tem mais valor, a mensagem ou o mensageiro?

Nosso chamado é para proclamar a cruz de Cristo, de tal maneira que ela não seja anulada por causa da nossa vaidade e nosso desejo de aparecer. Quando somos exaltados, Cristo é “diminuído”. Que haja em nós, sempre, a atitude de João Batista, “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). Só assim evitaremos as divisões no corpo de Cristo. E a Sua Igreja não será rasgada.

Gilberto Paulo

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